quarta-feira, 28 de agosto de 2013

"Você é a garota mais complicada que eu já conheci"


Não importa o quanto você mude, você nunca será perfeito para ninguém. Então aprenda a amar até mesmo os seus dias mais ranzinzas.  
                                                                                                                       Blogg da Fabi


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Viver não precisa ser uma guerra diária




Me disseram que alguém deveria jogar um balde de água fria em mim pra ver se eu desperto. Me disseram: "Olhe em volta, tem tanta gente que te ama". 
                                                            Fabi B. - Diário 2012

Eu me olho no espelho hoje e me surpreendo. Cresci.  Sem dúvida alguma não sou mais aquela garota de antes. Tenho ouvido muito sobre padrões de pensamento e a forma como eles afetam as nossas vidas. Eu costumava pensar que nunca seria normal, que nunca seria feliz, que nunca teria ninguém, que nada nunca daria certo. Era uma forma muito miserável de pensar  a meu respeito.  Eu mudei a minha forma de pensar. E isso me trouxe coisas significativamente boas. 

O homem enfrenta muitas batalhas no decorrer da sua vida, mas a maior de todas talvez seja essa: a batalha que ele enfrenta em sua mente. Eu travava uma luta diária comigo mesma; lutava contra as certezas que tinha sobre mim mesma todos os dias. Eu costumava me tratar com rancor e desrespeito elevando minhas fraquezas e problemas ao topo da minha vida e cada novo dia era um fardo e a cada  manhã era menos prazeroso se levantar da cama. E eu costumava dizer: "Bem, só eu sei quantos monstros dentro de mim tive que matar hoje para estar de pé." 

Um dia compreendi que a vida não precisa ser uma luta diária. Que apesar das nossas mazelas, sobra amor e felicidade e que a gente só tem que encontrar um jeito para que isso flua a partir de nós, de dentro para fora. Pois qualquer mudança que você faça em sua vida, só será significativa se acontecer de dentro para fora. Eu costumava pensar que ela deveria partir do coração, do nosso íntimo... mas estou começando a acreditar que ele deve começar em nosso pensamento. A forma como você pensa, influencia a forma como você age e a forma como você vive. 

Não é fácil se desapegar de padrões de pensamentos negativos. É um processo longo que requer acima de tudo persistência. Padrões de pensamentos são pensamentos repetitivos, que estão armazenados na memória e que refletem a maneira como levamos a nossa vida. Se você pensa diariamente  sobre si mesmo de maneira depreciativa, irá entrar num ciclo negativo, que o levará a ter menos confiança em si mesmo, insegurança emocional, baixa auto-estima, insatisfação entre outras coisas, o que pode desencadear uma depressão e transtornos como a auto mutilação como no meu caso.

Talvez seja difícil reconhecer os padrões de pensamentos que estão regendo a sua vida, mas você pode identifica-los se prestar atenção as palavras que costuma dizer. Se você diz constantemente frases como  "Eu não faço nada direito" ou  "Isso nunca vai dar certo" muito provavelmente você está atrelado a padrões de pensamentos negativos. 

Nada na nossa mente pode ser deletado, mas o conteúdo da nossa mente pode ser reeditado. Isso significa que se você quiser mudar um pensamento negativo, terá que substitui-lo por um pensamento positivo.  Então ao invés de dizer "Eu não faço nada direito", você teria que dizer " Tudo que eu faço dá certo" ou algo mais ou menos assim. No inicio isso parece falso.  Mas você precisa persistir. A medida que afirmar que tudo o que você faz dá certo, você irá recuperar a confiança que perdeu. E pode ser que as coisas não saiam como o esperado, que alguma coisa dê errado, mas ao menos você terá confiança o suficiente para tentar. 

Um boa maneira de mudar padrões de pensamentos negativos é se dedicar a fazer afirmações positivas a seu respeito.  Uma afirmação que eu gosto de fazer é "Eu me amo mais a cada dia".  O ideal é que seja uma afirmação que realmente tenha um significado para você. Para uma pessoa que costumava se odiar todos os dias e se ferir constantemente, "eu me amo mais a cada dia" é uma afirmação significativamente forte e verdadeira. No inicio eu ficava pensando o quanto isso  era ridículo e falso, que era só olhar para as minhas cicatrizes e saber que eu não me amava coisa nenhuma. Mas a medida que persisti, eu comecei a olhar as cicatrizes de outra forma: " essas cicatrizes são antigas, eu não me corto há dias porque a cada dia eu me amo um pouco mais". 

Amar a si mesmo é o primeiro passo para ter uma vida de qualidade. Eu sei que tenho escrito bastante sobre isso, mas é que eu realmente estou feliz de ter chegado a essa percepção. Quando você ama a si mesmo, você pensa melhor a seu respeito; você cuida de si mesmo e passa a evitar situações de risco como situações ou pessoas que possam te ferir; você aprende a proteger sua emoção e a controlar seus ímpetos; você aprende a refletir e se empenha em buscar sempre o que é melhor pra você, você se sente motivado a seguir em frente. Quando você ama a si mesmo viver não é uma guerra diária, cada novo dia é uma dádiva.



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Carta dos Direitos Assertivos




"Você tem o direito de sentir e expressar seus sentimentos, inclusive raiva; as outras pessoas têm o direito de expressar seus sentimentos.

Você tem o direito de não apresentar razões e justificativas para seu comportamento; as outras pessoas tem o direito de não dar explicações.

Você tem o direito de cometer erros e ser responsável por eles; as outras pessoas tem o direito de cometer erros e aceitar as consequências.

Você tem o direito de mudar de opinião; as outras pessoas têm o direito de mudar de ideia.

Você tem o direito de tomar suas próprias decisões; as outras pessoas têm o direito de tomar as próprias decisões.

Você tem o direito de dizer: não sei ou não me importo ou não entendo; as outras pessoas também tem esses direitos.

Você tem o direito de se elogiar e se sentir bem; as outras pessoas tem o direito de elogiar a si mesmas.

Você tem o direito de dizer "não" sem se sentir culpado ou egoísta; as outras pessoas tem o direito de dizer  "não" sem serem  consideradas culpadas ou egoístas.

Você tem o direito de usar seu tempo como melhor lhe aprouver; as outras pessoas tem o direito de usarem o tempo delas como acharem melhor.

Você tem o direito de pedir afeto, ajuda ou informações; as outras pessoas tem o direito de fazer o mesmo."

- Carta dos Direitos Assertivos,  Do livro Abaixo a Depressão de  Suzan Tanner e Jullian Ball.

domingo, 11 de agosto de 2013

Aprendi a amar e a respeitar o pai que tenho



Há alguns anos atrás hoje seria um dia muito triste para mim. Provavelmente ficaria trancada no quarto, longe de qualquer coisa que mencionasse algum tipo de homenagem aos pais, porque esse tema sempre foi muito delicado... Era doloroso pensar naquelas histórias de pai presente, aqueles finais felizes que só acontecem em filmes e coisas do tipo. Por muito tempo cerquei a minha relação com meu pai de dor e ressentimento, porque não conseguia compreender a ausência e o abandono...

Mas hoje foi um dia calmo, tranquilo e super agradável apesar dele estar ausente. Sempre cobrei muito dos meus pais pela separação, mas principalmente de mim porque achava que tinha falhado. Mas depois da terapia, eu compreendi que a melhor maneira de curar certas feridas da alma, é aceitar a realidade, se livrar das idealizações, perdoar os erros e amar, amar incondicionalmente. 

Eu sempre idealizei o pai que eu queria ter, nunca fui feliz com as brigas e os maus tratos que ocorriam na minha família enquanto meus pais ainda estavam juntos, então eu criei na minha mente um tipo de pai perfeito, um tipo de pai ideal. Ele não cometia erros, não traía e nem  nos enganava; ele me amava muito, era super carinhoso e estava sempre presente;  e amava a minha mãe e deveria  ficar com a gente para sempre. 
Ele me buscaria na escola todos os dias,  e aos fins de semana nos três sairíamos juntos e visitaríamos meus avós; ele estaria sempre em casa quando chegasse a noite... ele não gritaria nem usaria de violência com a minha mãe em nenhum momento. 
Eu iria crescer num ambiente saudável onde a confiança e o respeito reinariam. Quando eu chegasse da escola ou faculdade, ele estaria lá me esperando e tomaríamos café juntos e cada um iria contar como foi seu dia.... teríamos uma mesa para as refeições, teríamos o hábito de sentar a mesa, comer juntos e conversar e o meu pai até teria aquela cadeira que os pais sempre sentam, tipo as de chefe de família... teríamos o hábito de ver tv; teríamos o hábito de sair e passear juntos; teríamos o hábito de fazer compras no supermercado com listas; teríamos uma rede na varanda; um carro na garagem e um cachorro no quintal; e nos fins de tarde nos sentaríamos na varanda para ver o entardecer, enfim ...  um monte de coisas que eu gostaria de ter e fazer ao lado dos meus pais.

Eu tinha a ideia de um pai perfeito, mas meu pai não era assim. Ele não sabia muitas coisas, e nunca me ajudou nas lições de casa; ele também não tinha carteira assinada e sempre se virava de jeito autônomo; ele não era super amoroso e ás vezes era até rude e agressivo; ele não era fiel e sempre se deixava levar por amigos, noitadas e mulheres; ele não era experiente e não sabia direito como uma família deveria ser e quando eu nasci ele tinha por volta dos vinte anos.

Eu tinha a ideia de um pai perfeito, e nunca consegui amar o pai que tinha... estava sempre cobrando, criando expectativas e me frustrando porque ele jamais iria me ligar todos os dias só pra saber como estou, ou pegar três ônibus e vir de Secretário a Petrópolis só pra me ver ou fazer todas as outras coisas que eu desejava que ele fizesse e eu nunca consegui aceitar isso.

E na separação, eu cresci. E meu pai não esteve lá quando eu acordei a minha mãe de madrugada e disse que estava sangrando, e ela sorriu e disse que agora eu era uma mocinha; meu pai não esteve lá quando eu me apaixonei pela primeira vez; ele não esteve presente quando eu me formei no fundamental e não me ajudou a decidir se eu queria formação geral ou magistério;  ele não esteve presente na formatura de ensino médio e não me ouviu discursar; ele não estava ao lado da minha mãe quando eu bati na porta do quarto dela e disse eufórica que tinha passado no vestibular; enfim... ele não viu meu corpo mudar, minha personalidade se desenvolver e meus ideais de vida surgirem então eu compreendo que agora ele não saiba lidar com o fato de que tem uma filha de 22 anos, cursando o ensino superior,  dando os primeiros passos na sua área profissional e com um monte de coisas boas pra viver ainda. Eu entendo que ele fique constrangido ao me abraçar, e que não saiba como dizer "eu te amo" me olhando nos olhos, eu entendo que ele não saiba o que me perguntar e nem como manter uma conversa comigo por mais de 30 minutos; eu entendo tudo isso porque afinal nós temos doze longos anos que nos separam,  doze anos que não compartilhamos nada juntos, doze anos que não nos conhecemos mais.

O mais importante de tudo é que apesar de tudo isso hoje eu consegui ligar pra ele e dizer sem dor e sem mágoas que estou com saudades, que o amo muito e que em breve nos veremos. E eu consegui passar o dia bem, e me  permitir estar  feliz ao lado da minha mãe e dos meus irmãos. Eu me livrei das idealizações que tinha feito, e aprendi a respeitar o pai que tenho, sim, o pai que não me liga todos os dias, nem se dispõe a vir me ver mas que eu sei me ama muito, fica feliz quando eu vou visita-lo e que de alguma forma deve  sentir orgulho de ter uma filha tão guerreira feito eu. 

Eu aprendi a valorizar a família que eu e minha mãe criamos, a casa que temos e que inclusive será minha; os cachorros no quintal, a varanda que não tem rede mas tem um sofá acolhedor e uma mesa enorme que acomoda a todos nas festas e almoços que fazemos; e tem até um carro na garagem que pertence ao meu cunhado; as compras que nunca faltam; os sobrinhos que me alegram muito; enfim...  um ambiente sem violência e com muito amor que eu aprendi a amar e a respeitar.

Eu estou bem hoje. Eu perdoo meus pais e os erros que foram cometidos na minha infância. Eu amo a minha mãe. Eu amo meu pai. Eu amo a minha família. Eu os amo simplesmente  por existirmos.




terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pausa




"Tô tirando férias, dando um tempo disso, chega de amar, chega de me doar, chega de me doer."
Caio F.

sábado, 3 de agosto de 2013

Espera. Eu disse "fracassos"?






Dia desses me lembrei das primeiras conversas que tive com o  psicologo que me atendeu logo quando procurei ajuda. Me lembro  o que ele disse, depois de me ouvir reclamar sobre os meus fracassos. Espera. Eu disse "fracassos" ? Mas afinal de contas, o que uma garota de 21 anos já viveu da vida para colecionar fracassos? A gente se cobra muito e eu sempre cobrei muito de mim mesma. Bom, ele me disse: "o que você considera como fracasso? Há fracassos e 'fracassos' e quanto a se sentir vazia, ás vezes o melhor a se fazer é aceitar que o vazio existe e tentar lidar com isso sabe, levar a vida numa boa." 

Eu passei tanto tempo tentando superar esses "fracassos" e tentando preencher o meu vazio que perdi toda a noção do quanto era importante me tratar com carinho e respeito. Então, qualquer otário que se aproximasse e me dissesse uma meia dúzia de elogios,  ou que  me ligasse por semanas ou  que simplesmente demonstrasse interesse em estar comigo conseguia me cativar. E mesmo que o cara me humilhasse ou me tratasse mal, eu estava lá implorando pra ele não me deixar, implorando pra ele ficar comigo porque eu não saberia o que fazer da minha vida sem ele.

Há tanta gente mal intencionada nesse mundo,  não é aconselhável se abrir e se derramar inteira por qualquer um. Mas quando você vive uma vida solitária e não suporta a própria  companhia, qualquer um que se disponha a passar o tempo com você, é visto com bons olhos porque no fundo você só quer alguém pra desviar o foco, alguém que te faça olhar pra fora, já que enxergar o vazio dentro de si mesmo  dói demais. E então você se apega, e já que se apega  faz planos, e quando faz planos cria expectativas. Só que algumas vezes (na maioria das vezes),  esse cara só quer mesmo passar o tempo com você. Um dia ele vai embora e  a sua lista de fracassos aumenta porque mais uma vez você tem certeza  que a culpa foi sua.

Bom, então se quer um conselho, se trate com carinho e respeito. E não se derrame inteira só porque um cara pagou uma bebida pra você, mexeu no seu cabelo e disse o quanto você é bonita. Não aceite menos do que você merece. Não se prenda a relacionamentos ruins, que te deixam pra baixo e te deprimem, só porque acha que não merece ou que nunca vai conseguir alguém que goste de você de verdade. Quantas vezes, entramos em relacionamentos que nem é o tipo de relacionamento que gostaríamos ou aprovaríamos.  Eu costumava dizer a mim mesma quando pensava sobre o Rafa:  "gosto de estar com ele porque ele faz por mim o que eu não sou capaz de fazer: ele me ama". Talvez fosse verdade. Mas ele foi embora, pessoas não são pra sempre. E quando ele se foi, eu continuei sem amor porque eu não era capaz de fazer isso por mim. E ainda bem que aprendi a me amar porque se dependesse do "amor" dele, eu estaria bem mal.

Não é que você não vá se relacionar, não é que não vá flertar com o carinha que te pagou uma bebida. O que estou dizendo é que não se deixe precisar ouvir um elogio de um cara para que seu dia seja melhor, ou ter alguém ao seu lado para que a sua vida ganhe sentido. Como o psicologo me disse, ás vezes a melhor maneira é aceitar que o vazio existe  e levar a vida numa boa. Não tenha medo de olhar pra dentro de si mesma. Não tenha medo de encarar seus vazios. E não se culpe por erros que não foram seus. Afinal, a culpa não tem que ser só sua o tempo todo. Pessoas não são perfeitas: é humano errar  e as coisas não dão certo o tempo todo.  Não precisa eleger um vilão, nem se colocar como vitima: simplesmente não deu certo e pronto. 

Paulinha sempre me disse na terapia: "relacionamento saudável é aquele em que você está bem quando o outro está ao seu lado  mas continua bem quando ele se ausenta, porque você gosta de estar com ele mas você ama estar na própria companhia."  Ame a sua própria companhia. Cuide de você. E nunca a ponha a sua felicidade  como responsabilidade do outro porque você corre um grande risco de se decepcionar. 

Eu não estou dizendo que é fácil. Na verdade é muito difícil. Mas se sentir segura quando o outro te fere, te decepciona e vai embora é recompensador. Eu experimentei isso recentemente. Eu fiquei mal, me frustrei e já estava procurando o fundo do poço outra vez. Mas então, eu pensei: "Hey, eu não tenho que levar a culpa o tempo todo. Ele quem me procurou e ele quem foi embora. O problema não é meu".  Então dessa vez eu não liguei de volta. Não implorei por atenção, companhia, nem migalhas de carinho e afeto é até porque eu não preciso disso. Respeitei a decisão dele de ir embora e continuo seguindo a minha vida. Amo meu trabalho. Amo minhas coisas. E adoro estar comigo. É como uma senhora que conheci semana passada - sábia experiente e que adora se cuidar- me disse: "Vamos ser feliz, menina e vamos para com esse negócio de paixonite aguda que isso não leva a lugar algum, hein."



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